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A Última Poesia

  • Foto do escritor: Bruno César Vieira
    Bruno César Vieira
  • 29 de nov. de 2014
  • 2 min de leitura

Deixei de acreditar.

Primeiro em mim,

após a depressão,

em todos vós.

Desacredito nesse mundo bonito,

colorido e cheio de festim.

Sou objetivo,

e isso não me faz feliz.

Felicidade,

um conceito tão subjetivo,

ineficaz na prática

e tão efêmero,

que se faz desnecessário.

Este é o animal humano,

que quer tanto sentir

e dar sentido,

que se esquece de quem é:

um animal,

instintivo e feroz,

rude e bruto,

individualista

e sozinho

acobertado por mentiras banais,

"as morais".

Mentiras sem sentido

apenas para dar sentido.

E assim são os reais humanos,

mentirosos, egoístas,

fazem crer no amor e emoções

mas não prezam por elas.


Então o Poeta pestaneja.

Quando descobre

que escrevia mentiras.

Ideias enlatadas

sobre algo que não existia.

Quando descobre

que todas aquelas poesias para ela

foram em vão.

Quando descobre

que pensar em amor,

amizade e lealdade

de nada valia,

pois no final de quase todas as coisas,

a única coisa que sobra

é o individualismo.

O pensamento único dele mesmo,

que você foi só uma passagem,

um alimento momentâneo

que depois de consumido

é jogado fora.

E após muito mais que tudo isso,

o Poeta cai em depressão,

olha para os lados

e descobre que nunca valeu a pena acreditar,

que está sozinho,

e que sua arte

não passa de propaganda enganosa.


Essas são as pessoas

que tanto amamos

e nos preocupamos.

Que tanto não se importam

e que tanto não valem a pena.

Por isso desacredito,

pois descobri o que sou,

um animal

dotado de racionalidade.

Tão esperto,

que confia

em inconfiáveis,

selvagens instintivos.

Que te ama,

até melhor escolha.

Por isso desacredito,

pois não quero amar

sem ser amado.

Pois os momentos felizes,

não são para sempre,

e o mundo não é um lugar bom.

E é exatamente nesse mundo

que o Poeta perde o emprego,

a serventia,

pois, do que ele falará,

se do que ele tem que falar,

é uma farsa?

E não tem nada pior,

do que um Poeta

que perdeu a poesia.

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