Firulas sobre X-MEN 135
- Bruno César Vieira
- 11 de fev. de 2013
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de mar.
Aquilo realmente era engraçado.
O homem tinha uma vida tranquila. Mesmo vivendo naquela cidade desde o primeiro dia de seu nome, nunca antes tinha visto algo como aquilo.
Começou a pensar também sobre todos os seus amores, pois tinha certeza de que, após o que vivenciava ali, chegaria o fim de todas as outras histórias, e tudo antes disso seria apenas progresso.
Nas primeiras aulas que teve quando era criança, se apaixonou pela filha da professora. Já não lembrava o seu nome, mas lembrava-se perfeitamente do emaranhado de cabelos pretos que sempre ficavam na sua frente nas aulas de artes.
Alguns anos mais tarde, se apaixonou perdidamente pela vizinha, a filha do dono do bar. Foi com ela que deu seu primeiro beijo, e ali teve a certeza de que ela seria eternamente a mãe de seus filhos. Acontece que ela era alguns anos mais velha, e aqueles beijos não passaram de promessas não cumpridas.
Depois da maior decepção amorosa de sua vida, prometeu nunca mais se apaixonar. Mas isso mudou quando conheceu aquela garota da última fileira da faculdade. Mesmo após muitos "não", ele ainda insistia naquela história. O mais engraçado é que, em sua cabeça, ambos tinham uma vida de amor inteira juntos, enquanto ela provavelmente nem sabia seu nome.
Também passou à sua cabeça sua esposa. Foi quando a conheceu no seu primeiro trabalho, em um escritório qualquer de publicidade na zona nobre da cidade, que descobriu que não existe o amor. Amor não passa de reações químicas que acontecem em seu corpo, e isso é o mesmo, seja com a mulher dos seus sonhos ou comendo uma barra de chocolate.
Como já dizia seu ex-chefe naquele mesmo escritório de publicidade: "Amor é o que usamos para fazer as pessoas comprarem meias novas."
Sendo assim, o amor é muito mais fantasioso do que real. Fazia sentido falar que amava as primeiras três, mas sua esposa não. Principalmente porque ele tinha mais prazer comendo chocolate do que tendo uma noite de amor com ela.
O amor é uma coisa complicada, concluiu após seu divórcio. Sabia que qualquer dia suas irmãs iriam arranjar um encontro às cegas para ele ou que acabaria indo a algum prostíbulo imundo ali no centro da cidade para satisfação carnal imediata. Mas nunca tinha imaginado que aquilo pudesse acontecer de novo. Não depois disso tudo.
Sentado à mesa do restaurante, olhando para a rua pelo janelão do lugar, apenas enrolando nos últimos minutos de sua hora de almoço, viu, em câmera lenta, ela chegar.
Vestido preto, sem estampa, um pouco acima dos joelhos. Pele branca, tão clara quanto pode ser. Assim como seu cabelo ruivo natural dava um grande contraste com as pequenas sardinhas espalhadas pelo rosto. Seus olhos estavam longe demais para que ele pudesse ver a cor, mas imaginou que fossem azuis. No braço, uma tatuagem em forma de retângulo. Percebeu que aquilo era uma página de uma história em quadrinhos muito particular.
X-MEN 135.
Sabia exatamente que página era aquela, pois sempre leu gibis durante toda sua infância. E seu primeiro grande amor, muito antes da filha da professora ou a filha do dono do bar, se chamava Jean Grey.
